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Futebol Brasileiro

Vasco estima impacto de R$40 milhões e não crê em torcedor no estádio em 2020

Clube se movimenta para suspender pagamentos de dívidas e destinar recursos para os salários já atrasados em três meses. Crise não impacta nas obras do novo CT

Protesto dos jogadores antes do clássico contra o Fluminense, pelo Carioca
Protesto dos jogadores antes do clássico contra o Fluminense, pelo Carioca - Rafael Ribeiro/ Vasco.com.br

Por Aline Nastari e Bruno Formiga

A temporada 2020 já não era das mais otimistas para o Vasco. Com dívidas e limitações para investir, o clube previa dificuldades. Mas a perspectiva financeira, pelo menos, era de superávit líquido na casa dos R$ 154 milhões. O coronavírus mudou tudo. Paralisou atividades, interrompeu processos, secou fontes. E agora a meta é estancar a sangria, minimizar perdas e planejar novamente o ano.

Na projeção para 2020, o Vasco previa uma receita bruta na casa dos R$ 324 milhões. Dentro desse valor estão, por exemplo, geração de ganhos com o mecanismo de solidariedade da FIFA (R$ 17,2 milhões) e bilheteria/venda de mando de jogos (R$ 20,3 milhões). Esses são apenas dois dos muitos itens que vão precisar ser reajustados. O clube estima uma redução de no mínimo R$40 milhões na receita.

“Temos perdido receita de todas as formas, desde produtos que geraram royalties para o clube como copo, camiseta, como através de bilheteria, patrocinador, uma série de consequências quando paralisa uma atividade. É público que a televisão suspendeu o pagamento de uma das parcelas do Carioca e propôs uma redução na cota da primeira parcela do Brasileiro. Ainda deixamos de disputar a Copa do Brasil, a Sul-americana que são recursos que entram como premiação. Há um comprometimento de quase todas as receitas do clube nesse momento”, disse o presidente Alexandre Campello ao canal oficial do clube.

Quando a crise explodiu, o Vasco ainda tinha dois jogos agendados e programados como mandante. Só aí o clube deixou de arrecadar mais de R$ 1,4 milhão – a média de renda em 2020 como mandante tem sido de R$ 762.003,00 por partida. O clube já trabalha com a hipótese de não poder contar com a receita de bilheteria no ano de 2020.

São Januário é um dos trunfos que o Vasco têm como fonte de renda | Rafael Ribeiro / Vasco
São Januário é um dos trunfos que o Vasco têm como fonte de renda | Rafael Ribeiro / Vasco

Futebol nesse primeiro momento deverá ser feito com estádios vazios e não acredito que esse ano tenhamos condições de voltar a ter público nos estádios. Com isso teremos que buscar soluções pra se relacionar com torcedor e devolver aos sócios algum benefício. Teremos um período grande de dificuldade e mudanças.

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Salários

O Vasco não tomou até aqui nenhuma medida administrativa em relação à redução de salários e/ou corte de pessoal. Em entrevista ao “Fora de Jogo”, do Esporte Interativo, um dos líderes do elenco e capitão do time, Leandro Castán, deixou claro que clube e jogadores não tiveram nenhuma conversa, afinal, ainda há atrasos para resolver antes de propor cortes nos vencimentos do elenco. Em 2020, o clube não conseguiu pagar as folhas de janeiro, fevereiro e março.

Como vou falar de maio, se não recebemos janeiro, fevereiro e março? Quando chegar nesse mês, vamos sentar e conversar. Vamos fazer de tudo para ajudar o clube. Mas no momento a gente precisa resolver o que está para trás.

No fim do mês de março, o clube pagou o 13º salário de 2019. Com isso, o elenco acabou com a greve de entrevistas, forma de protestar contra os recorrentes atrasos dos pagamentos. Antes da paralisação o Vasco devia dois meses aos atletas, agora já são três. A lei permite que um jogador solicite a rescisão unilateral na justiça, justamente, quando o débito chega a três vencimentos na carteira de trabalho. Mas Campello não acredita nessa hipótese.

“Com essa pandemia o Vasco não pôde honrar com seus compromissos. Estamos trabalhando para solucionar essa questão financeira. Pela forma como os jogadores sempre foram parceiros do clube, passaram por momentos difíceis, não acredito que em momento como esse, de grande dificuldade do mundo, alguém ingresse na justiça com esse pedido. Não tive informação de nenhum atleta que estivesse pensando em fazer esse movimento”.

O Vasco aguarda a definição das autoridades governamentais em relação à permanência ou não do distanciamento social para decidir se coloca em prática o protocolo planejado para o retorno das atividades no clube ou se opta pela redução dos salários.

Além disso, o clube interrompeu o contrato de alguns de seus funcionários por dois meses. Suspendeu os vínculos dos dias 1º de maio a 1º de julho com base na Medida Provisória 936, publicada em 1º de abril.

Alívio nas contas

Dívidas são um problema sério no Vasco. E não é de hoje. Pagá-las já era um problema com a rotina normal do futebol. Na paralisação, então, o “desastre”, como já nomeou o VP de futebol José Luis Moreira, ficou evidente. Mas algumas medidas aliviaram a pressão.

O Vasco negociou com os bancos BMG e Safra a prorrogação por 60 dias, sem juros, do pagamento de parcelas de empréstimos. Com o BMG, inclusive, que é patrocinador do clube, a diretoria pegou uma antecipação de valores referentes ao contrato.

Junto com isso o Vasco já tinha conseguido a suspensão do pagamento mensal do Ato Trabalhista também por 60 dias. Só aí o clube ‘economizou’ R$ 6 milhões – já que sua dívida é parcela no valor de 2 milhões de reais por mês no acordo.

“O clube tem trabalhado muito, tentando negociar os direitos de transmissões, recuperar depósito judiciais, suspender pagamentos e obrigações como Profut e parcela de empréstimo. O Trabalho tem sido exaustivo e intenso e a gente espera que gere frutos o mais rápido possível”.

O clube briga por medidas coletivas junto a CBF para que o governo suspenda as parcelas do Profut e crie uma linha de crédito com a ajuda da entidade. O objetivo principal é a prorrogação ou suspensão de compromissos financeiros para endereçar recursos ao pagamento de salários.

Sócio-torcedor

No final de 2019, o Vasco fez uma ação para adesão em massa de torcedores ao programa de sócio do clube. Com valores populares, o número bateu quase 190 mil associados, mais de 150 mil adesões em apenas um mês. O desafio em 2020, multiplicado agora com a pandemia, era evitar perdas e incentivar renovações.

Foto: Rafael Ribeiro / Vasco
Foto: Rafael Ribeiro / Vasco

Os preços promocionais que fizeram as assinaturas explodir começam a expirar no final de maio. Eram descontos de 50% em cima dos valores dos planos, o que estimulou uma adesão rápida. Hoje, o número exato é de 176 mil associados, cerca de 12 mil a menos do pico atingido em dezembro do ano passado.

A gente sabe por conhecimento de mercado que todas essas ações têm uma queda considerável no momento da renovação. Tivemos cuidado para que essa queda fosse a menor possível. Participei ativamente desse processo com algumas ideias”, disse Campello.

Com os programas de sócio, o Vasco chegou a projetar receitas na casa dos R$ 44 milhões. Mas a crise colocou um freio na perspectiva de reajuste. E o clube traçou um novo planejamento, com uma nova ação voltada para o “Sócio Gigante”, que manteve os preços cheios, mas com a opção de pacotes com meses grátis.

“O que estamos fazendo é em cima desse preço cheio que o sócio pagaria, oferecer a possibilidade de renovar por 6 meses com 2 mensalidade de gratuidade ou 1 ano com 3 mensalidades de gratuidade. Nessa opção de 2 mensalidades gratuitas, significa um desconto geral de 33% que é razoavelmente próximo ao 50% que oferecemos na BlackFriday e o sócio que puder ajudar o clube e renovar pelo preço cheio, pode fazê-lo.” – explicou Claudio Rial, VP de Relações Públicas e Comunicação à Vasco TV.

Patrocínios

Outra perda já garantida foi a rescisão de um dos seus patrocinadores: Azeite Royal, que saiu de todos os outros clubes do Rio de Janeiro com quem tinha contrato e também do Maracanã. O Vasco havia renovado em dezembro o acordo com a empresa.

A instituição soltou um vídeo institucional nas suas plataformas digitais para agradecer aos patrocinadores que seguem, chamados na peça publicitária de parceiros. A ideia foi valorizar as marcas que continuam apoiando o clube. 'Não é uma simples troca de exposição de marca por dinheiro', diz o vídeo. 'O Vasco é pra quem acredita', afirma um outro trecho.

Em entrevista através do canal do clube, o vice-presidente de finanças, Carlos Leão, revelou que o Cruz-Maltino vinha negociando uma ação pioneira no mercado que geraria R$10 milhões de reais ao caixa, mas que sofreu redução em consequência da pandemia. O dirigente preferiu manter sigilo sobre como e com quem seria a ação.

Continuamos negociando, mas a conta ficou prejudicada por causa da insegurança do mundo para investimento. A gente vem diminuindo os custos para saldar as dívidas que o Vasco tem.

Novo CT

Com os jogadores de férias, o Vasco entregou o terreno alugado em Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde ficava o CT do Almirante, para diminuir os custos durante a paralisação. Com isso, economizou R$500 mil reais.

Novo CT do Vasco deve ficar pronto para o time profissional treinar a partir de julho | Rafael Ribeiro/Vasco
Novo CT do Vasco deve ficar pronto para o time profissional treinar a partir de julho | Rafael Ribeiro/Vasco

A diretoria vem preparando São Januário para receber os jogadores quando as atividades retornarem, porém a previsão da diretoria é que a partir de julho o departamento de futebol já tenha o novo CT à disposição.

“Não tenho dúvidas que em julho estaremos com CT disponível com time profissional lá. As obras estão em velocidade satisfatória apesar de termos problemas com fornecedor por causa da pandemia para entregar no prazo. A gente pede que o torcedor vascaíno não desanime e continue doando”, contou Carlos Leite, Vice-presidente de finanças e responsável pelas obras do CT, em entrevista à 'Vasco TV'.

A obra do CT está sendo custeadas com doações de torcedores em parceria com o banco BMG, um dos patrocinadores do clube.

Muro frontal do CT está concluído | Rafael Ribeiro / Vasco
Muro frontal do CT está concluído | Rafael Ribeiro / Vasco

Futebol

Durante a paralisação o clube anunciou a saída de Abel Braga e a chegada de um novo treinador, Ramon Menezes, acompanhado de Antônio Lopes como coordenador técnico. A princípio, a nova dupla terá que pensar em um Vasco forte para essa temporada com o elenco que já tem à disposição. Pelo menos, nesse momento de crise, a diretoria não cogita a contratação de reforços.

“Temos muita coisa para pensar antes de reforços, não sabemos quando o futebol vai voltar e não é o momento de pensar nisso. Temos que pensar no que a gente tem e sanar as nossas dificuldades", finalizou Campello.

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