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Meus 29 de novembros

Quase no mesmo minuto, em 2012 e 2016, duas partidas que eu jamais pensei ver.

Joelmir Beting celebra o Brasileirão de 1993 no meio da avenida Giovanni Gronchi
Joelmir Beting celebra o Brasileirão de 1993 no meio da avenida Giovanni Gronchi

Por Mauro Beting

Faz quatro anos da partida da Chapecoense. Foi quase no mesmo minuto em que meu irmão me ligou quando meu pai partiu. Oito anos antes. No mesmo 29/11.

Eu tinha grandes chances de estar a trabalho naquele voo para Medellin de 2016. Eu estava trabalhando quando dei na rádio a notícia mais exclusiva da minha carreira em 2012. A que gerou mais repercussão até internacional. A única que não fiz jornalismo. Fiz o que tinha de fazer ao vivo por quase 8 minutos. Eu dei na Bandeirantes a notícia que meu pai havia morrido minutos antes.

Deu para falar o que jamais imaginaria no ar e jamais gostaria na vida. Mas não tive coragem como pai de avisar aos meus filhos da partida do Nonno. Eles souberam pela rádio. Pelo pai. Ou pelo jornalista.

Foi tudo numa madrugada de 29 de novembro. Se eu soube na hora do meu pai em 2012, do voo da Chape em 2016 foi só pela manhã̃. Pela minha mulher que sempre esteve comigo.

Como na véspera da partida do meu pai. Quando eu e a minha noiva dormimos na UTI. Foi a primeira vez que ela viu o Nonno sem ser pela TV. Foi a primeira vez que ela pegou na mão dele. Ele debilitado no hospital desde que começamos a namorar. Ele preferia não a ver enquanto estivesse daquele jeito que não teve mais jeito.

Foi a primeira conversa que tiveram sem conexão telefônica. Apenas com a conexão que o filho do Joelmir tem com o amor da vida dele.

Foi a vez na minha vida que eu mais compreendi o que não se tem explicação.

Quando minha Sil disse ao meu pai (devastado e "inconsciente" de modo irreversível pelo AVC) que ela me amava, o batimento cardíaco dele aumentou. Quando a minha noiva disse ao meu pai que amava os meus filhos Luca e o Gabriel, a mesma história que a máquina bipou. Quando ela disse que também era palmeirense, mais batidas do coração que podia enfim partir como faria 24 horas depois.

Quando eu e meu amor rezamos nesta madrugada deste 2020 para eles e para a Chape e para os meus amigos naquele voo, quando a gente rezou para pessoas que ficaram amigas de tão especiais como a mulher do Danilo e o filhinho Lorenzo, eu sei que os batimentos também aumentaram.

Quando agora pela manhã a minha mulher me abraçou e disse "eu te amo" como todos os dias, meu coração também.

Explicar a emoção de amar para quem é...

Vocês sabem o final da frase. E da história eterna como o amor incondicional pelos nossos. Como o dos meus pais. Como o do filho deles.

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