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Futebol Brasileiro

ESPECIAL: Aposentado, Hernanes relembra momentos da carreira e se orgulha de legado

Em entrevista exclusiva à TNT Sports, jogador relembra passagens pelo São Paulo e comenta mudanças no futebol

Hernanes se despede do futebol orgulhoso de sua caminhada
Hernanes se despede do futebol orgulhoso de sua caminhada - Marcello Zambrana/Agif/Gazeta Press (Marcello Zambrana/Agif/Gazeta Press)

Por Priscila Senhorães

Respeito. Carinho. Profecias. Amor. Algumas das palavras que podem resumir a trajetória do meio-campista Hernanes no futebol, aposentado dos gramados neste ano. Com passagens por grandes clubes do cenário mundial como São Paulo, Lazio, Juventus, Internazionale e Sport, Hernanes somou diversos títulos e prêmios no currículo, mas o maior troféu da carreira do jogador não é físico.

Quando eu jogava eu me preocupava em ganhar títulos e em ser o melhor. Mas percebi que o maior troféu, que eu não estava buscando, eu também conquistei. É esse carinho. Mesmo após ter parado de jogar, as pessoas continuam lembrando.

O futebol dos dias de hoje não permite que muitos jogadores encerrem a carreira com esse motivo de orgulho. Hernanes, o profeta, reflete sobre a mudança de postura dos atletas e do futebol ao longo de sua carreira.

"Um filósofo falou que hoje vivemos num mundo líquido, tudo é superficial. As coisas não são mais vividas e experimentadas na essência. É uma mudança cultural da maneira que as pessoas estão vivendo. Cada vez mais os jogadores ficam menos no clube e não criam essa identificação. Ninguém busca mais isso. Não se criam os ídolos, para ser ídolo tem que criar uma história, conquistar o torcedor, ganhar títulos. Demora", disse Hernanes, em entrevista exclusiva à TNT Sports.

<em>Eduardo Carmim/Photo Premium/Gazeta Press</em>
<em>Eduardo Carmim/Photo Premium/Gazeta Press</em>

Orgulho para poucos e privilegiados. Mas, de acordo com o profeta, com hábito, técnica, prática e intenção é que as coisas acontecem. Foi assim, inclusive, que o ídolo são-paulino se tornou referência em bola parada durante a sua carreira. A falta de qualidade na categoria hoje em dia vai quase na mesma linha da dificuldade de se tornar querido por uma massa.

"Eu me lembro que desde quando eu jogava futsal eu já fazia gols de falta. É engraçado, meu pai fez um quintal com gol e a gente ficava sempre cobrando faltas. Talvez a minha técnica venha desse treinamento desde a infância que eu fazia sem muita intenção, mas eu praticava, era legal", disse Hernanes, que continuou abordando o tema de cobranças de falta. "Hoje os jogadores não gastam tempo treinando, acaba o treino e vão pra casa, e para se fazer gol de falta você tem que estar lá treinando, gastar tempo e aprimorar"

Para chegar no sucesso existem quatro coisas: O hábito, a prática, a intenção e a técnica

"São poucos os jogadores que conseguem aprender rápido. Os com a técnica muito boa, como Zico, Maradona e esses fenômenos aparecem de vez em quando. Não sei se esses treinavam, porque eles tinham muita técnica. Mas se você não tem toda essa técnica, você tem que ter o hábito e a prática. E o futebol está mudando. Se você analisar, esses jogadores que faziam mais gols de falta eram os meias, o clássico número 10. E hoje quase não se vê mais um Ganso ou um Diego Ribas. O futebol está acabando com o número 10, com aquele cara mais técnico, com toque na bola mais refinado. Hoje só querem negócio de velocidade, aquele jogador mais pensante e técnico perde espaço e aí não tem mais gol de falta".

<em>Caio Rocha/FramePhoto/Gazeta Press</em>
<em>Caio Rocha/FramePhoto/Gazeta Press</em>

Agora aposentado, Hernanes dedica seu tempo principalmente à sua família, esta que a carreira de jogador de futebol acaba afastando. Além disso, o profeta é um empreendedor nato. Hoje ele deposita sua energia profissional principalmente em sua marca de vinho.

Apesar disso, o ex-jogador, sempre educado, não se incomodou de relembrar sobre diversos momentos de quando ainda jogava bola, em especial sobre as passagens pelo São Paulo, onde é ídolo da torcida.

TNT: Em qual passagem você entende que foi mais importante para o São Paulo: Na primeira, ainda garoto, na geração Tricolor que foi tricampeã do Brasileirão, ou a de 2017, onde salvou a equipe do rebaixamento?

Hernanes: Em nível de importância com certeza foi 2017, porque é uma equação simples, né. Em 2007, 2008, apesar de estar no início, era um time bem organizado, estruturado, o clube estava passando por um momento de muita organização no nível institucional. Em 2017 era tudo ao contrário, dentro de campo as coisas não estavam legais, mas fora também já estava há alguns anos passando por momentos de instabilidade e desorganização. Eu chego numa situação que eu já tinha rodado um pouco e adquirido bastante experiêcia pra lidar com aquele momento. Se fosse o Hernanes do início, talvez não pudesse lidar com aquela pressão e contribuir da forma que contribuí, de realmente ser líder e chamar a responsabilidade. Então com certeza foi a segunda passagem que teve uma importância maior

TNT: Já ouvimos algumas vezes que o Rogério Ceni tentou te levar ao São Paulo quando treinava o clube na primeira passagem, mas no fim das contas você só chegou ao clube após a saída dele. Ele realmente te ligou naquela oportunidade?

Hernanes:

TNT: Naquela temporada em que o São Paulo brigava para não ser rebaixado, qual foi a partida que você sentou e respirou aliviado de ter se livrado desse risco?

Hernanes: Não teve. Ficava uma pressão e um sentimento de nunca estar bom. Eu lembro no começo, tivemos a vitória marcante contra o Botafogo e depois perdemos dois jogos e já estávamos lá embaixo de novo. Eu ficava com a sensação que nunca era o bastante o que estávamos fazendo, parecia que não ia. Era um passo pra frente e um pra trás. Eu só fiquei aliviado depois que conseguimos a permanência matemática. Lembro que ninguém tinha feito as contas ainda, fui um dos primeiros a mandar no grupo do time 'ou, vê se essa conta aqui está certa". Eu estava realmente focado, sempre fazendo cálculos.

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