Grêmio renova com zagueiro do sub-20, Gustavo Martins, por multa de 80 milhões de euros
Aos 19 anos, ele também teve passagens por Botafogo e Vasco, e soma três gols e uma assistência pelo clube em 2021
Por Larissa Carvalho
Aos 19 anos, Gustavo Martins, natural do Rio de Janeiro, renovou em setembro com o Grêmio até 2025 por 80 milhões de euros, algo equivalente a cerca de 500 milhões de reais.
Ele é o zagueiro titular da equipe sub-20 e promete um futuro otimista na carreira do futebol. O motivo? Certamente, a habilidade. Mas não há dúvidas de que o sorriso no rosto e o carisma do moleque contribuem para a valorização dele no Tricolor.
Com o Gustavo titular pelo Grêmio em 2021, o time sub-20 tem 55,5% de aproveitamento, com sete vitórias, quatro empates e quatro derrotas. Nesses jogos, ele balançou a rede por três vezes, todos gols decisivos que garantiram a vitória tricolor, além de também somar uma assistência.
Inspirado por Virgil van Dijk (Liverpool), Sergio Ramos (PSG), Thiago Silva (Chelsea) e Pedro Geromel (Grêmio), ele destacou as principais habilidades e também o maior defeito na zaga:
“Eu sou um zagueiro bem veloz, tenho uma ótima recuperação. Sou muito bom na bola aérea, defensivamente e ofensivamente. No 1 pra 1 também sou muito bom. Acho que uma das principais coisas que preciso melhorar é a questão da força, por ser um zagueiro mais firme, brucutu. (risos)”
Gustavo despertou a paixão pelo futebol nas ruas de São Gonçalo, cidade por onde cresceu e viveu a maior parte da vida. Segundo ele, jogar futebol era a principal brincadeira entre os colegas. “Herdei essa paixão primeiramente do meu pai, sempre muito ligado no futebol. E quando criança era a única brincadeira praticamente que eu fazia, até chegar aos clubes”, conta ele, que teve passagens por Botafogo e Vasco antes de ir para o clube gaúcho.
Botafogo: Começo e Construção
Essa chegada aconteceu inicialmente quando ele tinha apenas 4 anos e foi aceito na escolinha do Fluminense. “Normalmente, as pessoas começavam com cinco, seis anos, mas como eu era muito alto, fui aceito lá. Ali começou a minha história.” Aos 7 anos, entrou na escolinha do Vasco, fase que ele resume como o momento mais importante da vida dele. Ao lado dos professores Luiz, Roberto e Márcio, ele começou a lapidar a carreira e se estruturou como atleta.
Durante esse período no Gigante da Colina, disputou a Copa Vasco e foi o artilheiro da competição, jogando ainda pelo meio-campo. Graças ao destaque dentro das quatro linhas, e também ao pai de um coleguinha do Vasco, Gustavo conseguiu uma avaliação no Botafogo e foi aceito. Ali iniciava, então, uma nova fase da vida dele.
Foi no Alvinegro, inclusive, que ele se descobriu zagueiro. Acostumado a jogar de volante, certo dia faltou um zagueiro no time. “Eu, meio-campo, altão, eles falaram ‘pô, tem como fazer a zaga pra mim?’ Aí eu ‘tenho, com certeza’. Fui muito bem. Acho que ter sido meio-campo no início me ajuda bastante em qualidade com a bola.” O Botafogo, que estava em processo de formação de equipe da categoria dele, acabou efetivando o Gustavo como zagueiro. Por onde, inclusive, ganhou um Campeonato Carioca.
Aos 10 anos, ele foi campeão também da Copa Unimed pelo Botafogo, título que ele considera o mais marcante da vida dele. “Foi meu primeiro clube, era aquela primeira vivência com os jogadores, estar no dia a dia. Chegavam as finais, minha mãe lotava ônibus de familiares meus e eles iam lá ver o jogo”, relembra. Não à toa, ele mesmo define essa fase com duas palavras: começo e construção.
Mas nem tudo pôde ser comemorado durante a passagem do menino Gustavo pelo clube da estrela solitária. Ele acabou sendo dispensado e encontrou um novo lar no Vasco da Gama.
Vasco: Persistência e Superação
A fase no Vasco não foi boa para Gustavo. Ele estava na pré-adolescência e começou a sentir dúvidas sobre a carreira, além de não ter maturidade suficiente para lidar com as responsabilidades exigidas. “Eu não levava nada muito a sério, os treinos, os jogos, acho que não estava 100% empenhado. Sofri as consequências, porque eu não jogava (como titular).” Apesar disso, ele conquistou a Taça Rio pelo clube.
Após sair do Vasco, em 2017, ele comenta que pensou muitas vezes em desistir da carreira, apesar de ter continuado disputando pelo Canto do Rio, clube que disputava a série B do estadual. “No fundo, eu já tinha desistido. Já estava pensando em outras coisas”, desabafa ele. O destaque pela competição carioca fez até com que o Botafogo o convidasse novamente para fazer um teste.
“Começou a vir a esperança de novo. Mas não passei na avaliação e já vinha da frustração de antes, de ter saído do Vasco. Essa avaliação do Botafogo levou a esperança lá em cima e veio a frustração de novo. Foi aí o momento que mais pensei em desistir.”
Foi quando o pai dele, que tinha um contato no Grêmio, conseguiu uma avaliação para ele. Ele não queria ir. “Já tinha acabado de ter passado por uma frustração e disse que não queria passar por aquilo de novo, não queria de jeito nenhum.” Mas o pai dele insistiu e ele foi. Dessa vez, não houve frustração. Gustavo passou. Não à toa, ele resume esse momento com as palavras “persistência” e “superação”.
Grêmio: “Felicidade e Projeção”
No Grêmio, o sentimento de dúvida foi deixado de lado. Outra coisa também foi deixada: a cidade que nasceu no Rio de Janeiro. “No início foi bem complicado, sempre bate a saudade da praia, do clima maravilhoso, quente, aqui é muito frio. Você tá acostumado a treinar com 37ºC e aqui você treina com 3ºC, 2ºC. Mas hoje em dia acho que já sou até gaúcho”, brinca ele ao comentar sobre o processo de adaptação na nova cidade.
Dentro de campo, ele não esconde a “afinidade” com o futebol que, mesmo em outro estado, é o mesmo. Gustavo estreou pelo profissional na Copa do Brasil, vestindo a camisa do Caxias do Sul, por onde foi emprestado por seis meses.
A todo momento eu sonhava com minha estreia no profissional. Tiveram duas cenas que passaram muito na cabeça e uma delas foi de quando eu estava no Canto do Rio e queria desistir de jogar bola.”
Pelas incertezas que rodeiam o futebol, o defensor também se dedicou aos estudos graças ao incentivo da mãe e o Imortal o auxliou nisso. "Ela não me deixou ficar focado só no futebol, sempre fui muito bom nos estudos. Comecei a faculdade de engenharia civil antes da pandemia, porque o Grêmio dá todo esse suporte pra gente, eles bancam pra gente."
Agora, recém-renovado com o Grêmio, ele revela quais são os objetivos dentro de campo: “Minha principal ambição é o título do Brasileiro sub-20, é o que eu almejo como objetivo a curto prazo. Daqui a um, dois anos, eu me vejo no profissional e vou me dedicar ao máximo pra isso.”