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Transmitir treinos ao vivo é um dilema para os clubes hoje

Numa época em que os clubes assumem, corretamente, o protagonismo na produção de seus conteúdos, a exposição de seus profissionais pode ser um problema

Cruzeiro tem transmitido seus treinos ao vivo via internet
Cruzeiro tem transmitido seus treinos ao vivo via internet (Reprodução / Live do Cruzeiro)

Por Vitor Sérgio Rodrigues

O Cruzeiro tem o projeto de transmitir seus treinamentos ao vivo na internet, como uma forma de aproximar e mobilizar seu torcedor. Entre outras ações, uma campanha está sendo realizada para buscar doações para ajudar a pagar dívidas na Fifa. Na transmissão do treino desta sexta-feira, alguns erros feios de alguns jogadores acabaram viralizando, de forma injusta até com os profissionais que os protagonizaram.

Esse é um debate importante, em como conciliar a produção de conteúdo exclusivo e que aproxima o torcedor (uma necessidade atual de todos os clubes), com a privacidade para que a comissão técnica e os jogadores possam desenvolver o seu trabalho. O treino é o local e o momento para que esses atletas errem, aprendam, evoluam para logo depois acertarem. Com a transmissão ao vivo de treinos, o mundo inteiro viu esses erros.

Tivemos um caso clássico dessa superexposição na Copa do Mundo de 2006, com tudo que a seleção comandada por Carlos Alberto Parreira fazia sendo mostrado ao vivo. Kaká reclamou algumas vezes que isso atrapalhou demais a qualidade dos treinos feitos na Granja Comary e em Weggis, na Suíça.

Erros em sequência de um mesmo jogador, algo que pode acontecer, pode diversas razões, fazem com que o “crédito” desse atleta diminua ou termine antes mesmo que ele jogue uma partida oficial. Um lateral, por exemplo, se errar três cruzamentos seguidos no treino ao vivo, terá muita chance de ser crucificado logo que errar o primeiro no jogo, considerando que o histórico virou de conhecimento público. Isso leva a um constrangimento do profissional, bem como o fim precoce da carreira dele naquele time.

Outro ponto importante é que o torcedor, normalmente, não conhece a metodologia de treinos de um time de futebol profissional. Se você faz um treino em campo reduzido, a marcação e a pressão são muito mais intensas do que no jogo. Logo, é normal que haja mais erros. Analisar lances isolados, fora do contexto do treino, podem levar a uma injusta “crucificação” de um atleta. Se forem lances recortados e exibidos de forma seguida então, sem o compromisso do momento em que eles ocorreram, piora tudo. Essa análise, vindo de jornalistas, piora tudo.

Esse é exatamente o princípio que faz com que os treinos dos clubes europeus sejam totalmente fechados. Alguns poucos clubes abrem seus treinos uma vez por semana, por 15 minutos, e num momento em que há pouco risco de comprometer os atletas, em um aquecimento, num treino físico ou em uma roda de bobinha. Aqui no Brasil, os técnicos são muito "cuidadosos" a falar sobre esse tema, mas a maioria dos quais conversei é contra. E todos argumentam que mostrar o treino ao vivo interfere na forma como eles, treinadores, cobram seus atletas.

Em uma época em que o mercado do futebol está mudando, com os clubes, corretamente, assumindo o protagonismo em relação aos seus conteúdos, a produção de conteúdo exclusivo e a privacidade dos treinamentos é algo difícil de equilibrar. Exibir tem o ganho do lado do marketing, mas pode ter um prejuízo em relação ao trabalho de campo.

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