Até para cair o Vasco sofre
O Vasco caiu mas ainda não caiu. É o retrato em preto e branco de uma realidade que não é de hoje.
Por Mauro Beting
"O Vasco é pra quem acredita". Andam dizendo os que estão prostrados até os protestados que estão andando e... para o Vasco. Gente do próprio Vasco que não parece ser gente e certamente não é Vasco.
Há 20 anos o Vasco ganhava o quarto Brasileiro. Há 12 anos está caindo pela quarta vez para a Série B. E o pior: a agonia é tão lenta de tão longa que nem cair "direito" o clube cai: precisa tirar 12 gols de saldo para o Fortaleza. Está "rebaixado" mas não foi ainda rebaixado na última rodada. Está "Vasco" mas não parece mais o Vasco.
Nada parece definitivo na colina. Bem feito. Bolado. Pensado. Planejado. Jogado. Tudo é meio que empurrado. Afastado. Defenestrado.
Rebaixado. E sem garantia mesmo de volta. Em 2009 cumpriu a obrigação de ao menos ganhar a Segundona. Em 2014, nem isso - voltou como terceiro da B. Como voltaria de novo em 2016.
Não é Vasco. Mas parece o Vasco. Parece eleição do Vasco. Ninguém sabe quem ganha. Como vota. Quem ê votado. Quem assume. Quem administra. Como os mortos ainda votam. Como os muitos vivos não morrem. Como os zumbis ainda voltam.
Parece o time que veste a camisa do Vasco. A que vestiu antes os negros. A que vestiu quase que toda a Seleção. A que a gente não sabe quem hoje a veste. E como lá chegou. E para onde vai o Vasco.
Este ano o time não se sabe como chegou a liderar o BR-20. E muito menos se sabe como se demitiu logo depois Ramon. O começo da queda. Mais uma. Perdendo jogos como vende cedo os talentos que ainda faz.
A quinta maior torcida brasileira QUE VAI AJUDAR O CLUBE A VOLTAR A SER O QUE É tem apenas a 12a receita entre os clubes brasileiros. Mas é a que mais diminuiu em número no século.
Como assim?
O último apaga a luz. Como fez o presidente Alexandre Campello na última eleição (SIC). Na contagem de votos e vergonhas com os candidatos presentes, na foto de Héctor Werlang. A imagem da nau à deriva.
O Vasco caiu mas ainda não caiu. É o retrato em preto e branco de uma realidade que não é de hoje.
Vai ter amanhã. Mas pra isso o Vasco precisa se refundar. Dobrar o cabo das tormentas. E dos fantasmas que o levaram às trevas e a nem mais bater na trave.
