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Perdoai-nos, Pelé, nós não sabemos o que fazemos: Santos 4 x 1 Grêmio

O Grêmio era favorito. Mas o Santos, de novo, de velho, calou a minha, a sua, a nossa boca. E pela bola. Como acontece desde 1912.

Kaio Jorge e o Santos
Kaio Jorge e o Santos

Por Mauro Beting

Na mesma noite de 14 de abril de 1912 era fundado o Santos F.C. e afundava o RMS Titanic, da companhia marítima White Star. “Estrela branca”. Empresa que pensou grande e administrou com enorme irresponsabilidade a única viagem do “insubmersível” que afundou no primeiro iceberg.

O Titanic é metafóra da presunção do Homem. O Santos que nasceu no mesmo dia é exemplo de que é possível conquistar o planeta sem perder a raiz. O clube nasceu para subir a serra, conquistar o mar (e até explorar o espaço com o E.T. Pelé), e tomar e tornar o planeta como se fosse uma rua estreita próxima à Vila Belmiro. Por vezes o clube se perde num provincianismo tacanho, esquecendo que o mar e o Leão dele não podem ficar confinados. O Santos é maior que Santos. Foi o maior da melhor época do futebol brasileiro e mundial – e não apenas por Pelé, pelo amor de Pelé!

Está no estatuto do clube o gosto pelo gol, o apreço pelo apuro sem preço. O Santos virou reverente referência. Patrimônio que ficou por mau tempo tombado, mas que se reinventa e se renova com os Meninos da Vila reloaded Parte não sei quanto mais. Um time que mostra que para ganhar Libertadores não precisa bater na canela alheia mais que na bola. Um clube que sabe que não é preciso só grana e gana para vencer na grama e na lama sul-americana.

Naquela noite de abril de 1912, o sonho de três rapazes que fundaram o clube era real. Mas eu duvido, com toda a razão e emoção, que eles imaginavam o que seu Santos faria. Tenho a certeza que colossos do futebol mundial nasceram sabendo que poderiam conquistar o mundo como Titanics da bola. Mas ninguém foi mais longe que o time de Mário, Argemiro e Raymundo, os fundadores. O time de Cuca, João Paulo, John, Sandry, Marinho, Kaio Jorge.

Nomes próprios que pareciam tão impróprios como os vários descalabros administrativos da gestão afastada e também das anteriores. Falta de dinheiro e das melhores e mais básicas normas de gestão. Sem dinheiro e sem permissão para contratar. Salários cortados e atrasados.

E com 11 segundos Kaio Jorge faz o que fez contra um Grêmio que não sabia mais perder. E foi dominado em Porto Alegre e foi massacrado na Vila Belmiro. Um Grêmio que eu via jogando se não o "melhor futebol do Brasil" o "futebol mais consistente" do país.

Mas que foi superado e vencido e goleado pelas eternas "viúvas de Pelé". E parceiros de Marinho & Soteldo (que nem pros jogos foi), Neymar & Ganso, de Robinho & Diego, de Juary e Pita, de outras parcerias que não foram varridas pelo vento e nem pela poeira. Estão lá no vaivém da vida, nas ondas da praia da Vila. Um clube que não precisaria de Pelé para ser quase tudo isso. Uma equipe que foi muitas vezes montada por filhos da terra e das areias vizinhas. Um clube que soube comprar pelo Brasil e pela América craques que fizeram o mundo cheio de gols e de outros Santos. Mas só um Santos Futebol Clube. Só um time de anjos. Só um clube que honrou todos os Santos e todo o futebol brasileiro e mundial.

O time do Pelé do futebol, o próprio Pelé. O clube que mais gols fez no futebol. O único com duas sedes. O maior campeão de uma cidade que não é capital nem da província. O primeiro clube paulista a marcar 100 gols (em apenas 16 jogos), em 1927. O primeiro brasileiro campeão da América. O primeiro bi. O segundo tri.

Quem sabe o primeiro brasileiro tetra da Libertadores.

Quem sabe?

Certamente não serei eu que imaginava que daria Grêmio.

O 14 de abril de 1912 não deveria ser lembrado pela tragédia da companhia marítima White Star. O esporte precisaria louvar eternamente a estrela branca que surgiu nos campos naquela noite.

A mesma que com moleques de nomes duplos e que alguns não somam nem 10 jogos pelo clube (e como profissionais) enfrentou e foi melhor em 180 minutos que o Grêmio de Renato de ótimos 4 anos e 3 meses no comando do Grêmio. Superado pelo Cuca que, para alguns, é "ultrapassado", "onde já se viu marcar com encaixes longos em 2020?", "Cucabol" e outras limitações de debate.

Santos, sempre Santos.

E eu nem sempre dando a bola que quem dá a bola agora que é o Santos.

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