Muricy elogia Rogério Ceni: 'Não está aqui porque é ídolo, ele é um grande treinador'

Muricy é um símbolo forte do São Paulo atual. Ídolo do Tricolor, ele ocupa o cargo de coordenador técnico do clube e faz parte de um projeto de reconstrução para que o time do Morumbi volte a ser referência no campo, na estrutura e na gestão do clube e do plantel.

Temos um plano de recuperação total da estrutura. Estamos bucando investimento para fazer várias coisas no CT.

Em entrevista exclusiva à TNT Sports, Muricy comentou sobre o desafio que foi passar pelo Palmeiras nas oitavas de final da Copa do Brasil, exaltando o trabalho e a maturidade do grupo na partida.

"O Palmeiras é um dos melhores clubes do país, o treinador (Abel Ferreira) trabalha muito bem, eles se estruturaram para isso, né? Hoje tem uma estrutura muito forte e economicamente está bem. É difícil de enfrentar o Palmeiras, eles têm um plantel muito forte", disse Muricy, que relembrou a final do Paulistão antes de analisar a partida da última quinta-feira (14)

"A gente enfrentou o Palmeiras (na final do Paulistão) com 50% da molecada, não tinham tanta experiência pra aguentar um jogo assim. A vida é assim, você aprende com as derrotas. Eu disse que dessa vez eu achava que a gente teria chance, porque a molecada aprendeu. Claro que é difícil jogar lá, é um campo muito rápido, mas todos dentro do São Paulo tinham essa esperança de que dessa vez seria diferente. Nosso time estava mais compacto, bem treinado e com jogadores conscientes, tanto que tomaram dois gols e manteram o ritmo", afirmou Muricy.

"E também tem a confiança que demonstramos ao Rogério Ceni que é fundamental, de chamar ele bem antes do jogo do Atlético-MG e de não depender de resultado pra continuar o trabalho. Claro que o resultado é importante, mas temos que ver o trabalho, o que mais chamou a atenção foi isso. Ele não está lá só porque é ídolo do São Paulo e foi o maior jogador da história do clube, ele está lá porque entende muito de futebol e é um grande treinador", contou.

O São Paulo renovou o contrato com o técnico Ceni até o final de 2023 na última semana. No antigo contrato, o vínculo era válido apenas até o final de 2022. Internamente, os dirigentes entendem a importância de manter um time forte para que Ceni brigue por coisas grandes nos próximos meses. O grande desafio fica entre manter o time competitivo e conseguir sanar as dívidas estratosféricas que o São Paulo acumula.

"Sempre existe uma cobrança para ter um planejamento financeiro, que tem que vender tantos jogadores para conseguir abaixar a dívida, todas aquelas coisas. A dificuldade nossa é gigante, porque ao mesmo tempo não podemos desfazer o time, o Julio está fazendo um trabalho interessante com isso. Tivemos que vender o Gabriel Sara, pode ser que também saia o Rigoni, mas as pessoas não sabem a quantidade de propostas que estamos recebendo pelos nossos meninos, eles estão muito valorizados, todos eles, Igor Gomes, Nestor, Diego também. Todos esses já receberam sondagens e propostas, e não propostas mais ou menos, propostas pra vender mesmo, se não pensássemos no time, venderíamos para atingir o que estipularam pra vender", revelou o profissional, que participa e dá conselhos aos atletas quando as propostas chegam.

"Às vezes você recebe uma proposta que, mesmo que seja muito alta, não é muito boa para o futuro deles, então estamos lá para explicar isso para eles, que financeiramente vai ser bom, mas a sequência pra vida deles não. O que chama a atenção deles é a confiança que eles têm no trabalho e na diretoria. Eles viram o movimento que fizemos com o treinador. Isso passa segurança para o atleta, porque o que acontece com as muitas trocas de técnicos: Os jogadores estão começando a se acostumar com um treinador, aí tira e vem outro com outra conversa, então isso também faz a diferença. Temos uma dívida com eles que vêm lá de trás pela pandemia e pela outra diretoria, mas eles confiam. Se não, com certeza, não estariam jogando no limite. Todo jogo estamos jogando no nosso limite", disse Muricy, que comentou sobre o calendário apertado do futebol brasileiro.

"Estamos sendo inteligentes de mudar um pouco os jogadores, porque com a intensidade que o futebol está hoje é impossível jogar do jeito que estamos jogando. São viagens desgastantes, concentrações, treinamentos. Você não dá oportunidade aos jogadores de estarem 100% para disputarem os campeonatos. Não tem condições. A reclamação que os técnicos fazem não é para se desculpar de uma derrota, é impossível manter o mesmo time, e não mantendo você mexe na estrutura tática".

Ciente do esforço diário que a delegação do São Paulo vem fazendo, uma vez que está disputando três competições na temporada, a direção vem se esforçando para arrumar meios de contratar reforços para o técnico Rogério Ceni.

"Está engatilhado sim (um investidor). Estamos tratando há algum tempo um patrocinador, claro que tem a contrapartida, o investidor quer alguma coisa. Não tem outra saída. Se for pra trazer alguém não tem outra saída. Não é uma Unimed ou Crefisa, mas é um investidor que está começando com futebol agora e ele está tentando entrar e tem parceria com o Casares, está tendo disponibilidade para ajudar o São Paulo nesse investimento, é a única maneira de trazer jogador. Vamos anunciar o mais rápido possível, é que pra trazer mais ou menos não queremos, queremos trazer jogador de futuro, jovem, que pode fazer negócio, porque se não o investidor não quer também, entendeu? Tem que ser importante pro São Paulo, mas pra ele também, mas claro que não é fácil. Mas não vai demorar para ser anunciado"