EXCLUSIVO: Rômulo Caldeira revela dor por não ter jogado Copa e projeta Serie A mais disputada em 2020

A seleção italiana tem uma longa lista de jogadores brasileiros que já vestiram sua tradicional camisa azul. Desde Mazzola até Jorginho, passando por nomes como Amauri e Thiago Motta, a Azzurra tem uma forte ligação com o Brasil. Um desses atletas foi Rômulo, ex-Juventus e Lazio, que por pouco não disputou a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, pela Itália.

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Em entrevista exclusiva ao Esporte Interativo, o meio-campista relembrou sua passagem pela seleção italiana e revelou os bastidores do seu corte às vésperas do Mundial que seria disputado em seu país-natal.

"O problema é que eu estava com um problema sério de pubalgia, com muitas dores. E aí conversamos com o treinador, falamos que não daria pra disputar, por causa dessas dores. E acabei perdendo a chance de disputar uma Copa no país em que eu nasci, pela seleção italiana."

Quando eu conversei com o Prandelli, faltavam 24h para sair a convocação final, dos 23 que iriam para o Brasil. Quando fomos conversar, eu sabia que tinha de falar, ser verdadeiro. Mas sabia que meu sonho ia acabar. E quando comecei a falar, eu comecei a chorar muito, coisa de soluçar. Fiquei sem conseguir falar mais nada."

Apesar disso, Rômulo lembra de sua experiência na Azzurra com carinho e comentou que foi como viver um sonho que parecia muito distante, "daquelas coisas que só se vê na TV".

"Ele [Cesare Prandelli, técnico da Itália à época] disse que queria me levar para a Copa do Mundo e me perguntou se seria uma questão profissional para mim ou se seria motivo de orgulho. E eu respondi que era um sonho para mim desde pequeno. E aí ele respondeu para eu ficar tranquilo que eu seria convocado."

Vestir a camisa da seleção italiana foi algo que ficou marcado na minha vida. Nasci no Brasil, vi Baggio errar o pênalti na Copa de 1994. E aí cheguei no CT da seleção italiana e vi as fotos do Baggio, do Buffon levantando a taça de 2006... É algo que arrepia, porque você só vê na televisão e, de repente, você tá fazendo parte daquilo."

Confira outros trechos da entrevista com Rômulo:

Sobre o domínio da Juventus no futebol italiano:

"O Antonio Conte já tinha sido ídolo como jogador, tinha acabado de se formar como treinador e o Agnelli [presidente da Juventus] resolveu apostar nele.

No primeiro ano, sem muitos jogadores, ganhou um título com uma supremacia enorme. No segundo, conseguiu se reforçar e até teve uma briga com o Napoli, mas foi campeão de novo. No terceiro, foi bem demais também, reforçando ainda mais o elenco e fazendo o recorde de pontos da Serie A. E acabou tendo uma briga [com a diretoria], não sei o motivo. Mas nesses três anos, a Juventus dominou por causa do trabalho do Antonio Conte.

E aí o que aconteceu depois disso foi uma sequência. A Juventus conseguiu crescer muito e deu um salto de qualidade em relação a clubes que estavam em processo de transição, como a Inter e o Milan, que estavam mudando de donos. Aí era praticamente matemática a Juventus seguir no topo. E foi isso que aconteceu, porque a Juve dominou de uma forma absurda."

Projeção de disputa mais equilibrada na Serie A em 2020/21:

"A Juventus ainda está acima se for pensar em jogadores, mas esse décimo título vai ser o título mais difícil pra eles conquistarem, porque a Inter vem forte e tem tudo para voltar a ser aquela famosa Inter.

Com certeza, nesse ano [2020/21], a competitividade vai estar muito maior. Quem estava em transição tá com a base montada, o próprio Milan vem forte, a Inter deve desafiar bem. Então, pra quem achava que o campeonato italiano andava chato, eu convido que assista porque vai ser bem legal de assistir."

Sobre Sandro Tonali, reforço do Milan chamado de 'Novo Pirlo', com quem Rômulo jogou no Brescia:

"Eu tenho sempre dito a mesma coisa, pelo bem do Tonali, já que somos bem amigos e conversamos bastante: o perigo dessa comparação é que o Pirlo já ganhou tudo como jogador. É um dos maiores da história do futebol."

Fazer essa comparação com um menino que acabou de fazer 20 anos é complicada. A gente pode criar muita pressão em cima de um menino, como se ele tivesse que produzir como o Pirlo produziu. E isso pode ser um empecilho pra que ele cresça ainda mais."

"Acho que não se deveria fazer essa comparação, para o bem do Tonali. Mas ele é um jogador fantástico. Bate falta muito bem, se posiciona muito bem, é esperto taticamente, tem um ótimo passe, lê muito bem as jogadas antes que elas aconteçam. Ele tem tudo pra ser um dos maiores jogadores da sua posição a nível mundial. É um talento que não é toda hora que aparece."

Sobre melhor jogador com quem já jogou:

"Na verdade, foram três que mais me chamaram atenção. Um deles foi o Pirlo, com quem joguei na seleção e na Juventus. O jeito como ele fazia um passe, um drible, como ele cobrava faltas, acho que não vai ter jogador como ele. Esperamos que o Tonali chegue perto dele, porque era um jogador fantástico, até como pessoa também.

E um jogador que me chamou muita atenção pela força física, pelas características tanto defensivas quanto ofensivas, que chuta com as duas pernas, é bom pelo alto, tem velocidade, chute de fora da área, os lançamentos, o passe, é taticamente perfeito, um dos jogadores mais completos que vi, é o Pogba, com certeza.

E, pela história, pela pessoa que é, pela idade que tem e ainda joga em alto nível... Talvez um dos maiores, se não o maior goleiro da história do futebol, que é o Buffon."