O pior Fla-Flu de todos os campos
Na definição de Nelson Rodrigues, "o Fla-Flu começou 40 minutos antes do nada". O atual, em outros campos, é um nada antes de tudo.
Por Mauro Beting
Vão pro embate em campo pesado um time cujo capitão, no dia em que mais morreram torcedores, diz que um possível remédio para uma pandemia é ministrado com viés ideológico: "quem é de direita toma cloroquina; quem é de esquerda toma... Tubaína!"
Do outro lado, o ex-treinador desse mesmo selecionado, no dia em que mais morreram torcedores, ideologiza uma pandemia dizendo, no seu discurso estatista, que "ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus".
Nesse Fla-Flu que conspurca até o Fla-Flu, reitero que a virtude não está no meio, mas na distância cada vez maior dos extremos de estupidez, à minha esquerda, e à direita dele. Como jornalista e cidadão, cada vez mais sou obrigado a subir no muro para tentar ver os vários lados da questão. Tentar ser plural nesse mundo singular de pensamento (SIC) binário. Buscar a melhor versão possível dos fatos. E tentar manter a minha aversão à partidarização de doenças e mortes pelos enfermos eleitos. (Mas ainda bem que ao menos eleitos democraticamente).
Voto em pessoas - porque partidos foram despedaçados como siglas e signos pelos próprios partidários, militantes e/ou meliantes.
Não torço por políticos. Muito menos distorço por eles. Votei em Lula no segundo turno de 1989, e em 2002 e 2006, e nos candidatos de seu partido na maioria das eleições desde então. Mas ele (e seus asseclas e os que só batem nas mesmas duas teclas) é um dos maiores irresponsáveis pela eleição do maior irresponsável. Ele e também quem o defendeu e à sua família quando indefensáveis.
Só torço pelo Palmeiras. E pelo Palmeiras torço até pelo Darinta e Gioino. Na política nunca tive um Ademir da Guia pelo qual torcer e empunhar bandeira. Mas já votei até em alguns Darintas para evitar a vitória de alguns goleiros Brunos.
Futebol permite você falar e até fazer a bobagem que for para defender nossa camisa. Política não permite justificar os meios sem modos para atingir os fins da picada e da pancada.
As discussões infantis sobre futebol são debates acadêmicos se comparados aos duelos medievais travados e entrevados por torcedores de partidos e políticos. Os "teams" de torcedores de participantes de BBB têm mais argumentos razoáveis que os que postam bostejando "mimimi", "lacrou", "comunista", "fascista", "e o Lula?" "e os filhos?" e os raios, olavos e zésdeabreus que os partam e levem seus partidários empedernidos.
O Brasil está isso tudo não só pela doença mundial. Também porque não temos debate. Apenas combate. Não respeitamos. Não educamos. Não toleramos. Ou toleramos demais a intolerância, a má educação, a pouca cultura. E ainda as elegemos com milhões de votos de inópia política.
Somos o país que teve uma "namoradinha" que não merecia este país. E este Brasil não merece mesmo namorar quem, segundo a ex-sem-ter-sido-secretária, não gosta de "desenterrar mortos". Só aprecia mesmo torturar e assassinar o que resta de respeito à vida.
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